A violência

Não acredito que a violência seja natural, que seja compatível com a saúde, com o tal "completo bem-estar físico e psíquico".
Sabemos que nos acontece ser violentos quando nos sentimos frustrados -- e sabemos que o que de ruim nos aconteceu não melhora com a nossa ira.
Já não falando da dor física, a humilhação, de quem sofre a violência e de quem a pratica, é dor maior. E contrasta com o prazer de uma gentileza discreta, para quem a recebe e para quem a pratica.

Como "combater" é palavra violenta e o leitor já entendeu que a violência me desperta compaixão, falemos de como "evitar" a violência. Das regras de higiene para não sermos vítimas dessa doença.

Se ela nasce da frustração aparecem dois caminhos: o oriental, o de nada desejar, e o ocidental, o de tudo conseguir. Deve ser melhor desejar pouco e conseguir muito, já que o "óptimo é inimigo do bom".
Mas, controladas as nossas frustrações, há uma frustração inerente ao mundo em que vivemos: passa-se fome, a uma distância que nunca é suficiente para que o não sintamos, e passa-se ao pé da porta, disfarçadamente, embora.
O sistema sócio-económico em que vivemos é altamente agressivo, não só connosco mas com a Terra, que parece frustrada, também ela, violenta; mas quando agredimos a natureza, a nós mesmos agredimos, a visibilidade do erro há de nos trazer uma consciência mais clara ... aqueles que "resolvem" os problemas com a violência não terão dificuldade em perceber que é melhor parar com isso, que estamos no mesmo barco -- e em sentir, naturalmente, solidariedade. Não porque no-la preguem os moralistas, apenas porque estamos a crescer em consciência.
É muito infantil arranjar grupos humanos para neles descarregar as nossas frustrações, passou o tempo em que era possível aos poderosos deste mundo enlouquecer-nos com a paixão da guerra -- já não somos crianças! Sabemos que estamos no mesmo barco e não queremos que afunde. A democracia directa será acarinhada até ser árvore grande, à sombra da qual nos sentiremos bem. 
Aqui fica um documentário, em castelhano, La Fuerza de la No Violencia.

Comentários

  1. Com toda essa compaixão, arrisca-se a receber uma medalha da oligarquia, por bons serviços prestados.

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

"Da discussão nasce a luz"

Mensagens populares deste blogue

O medo

As dificuldades

Privilégios