Os idiotas
"Idiota" é uma palavra que herdámos da velha Grécia e que se referia às pessoas que não se interessavam pela coisa pública. Cidadãos que preferiam ficar a tratar dos seus assuntos em vez de comparecerem na Ágora, para votar as leis.
Imagino que alguns até estivessem saudosos da tirania, de quando, embora o tirano lhes extorquisse impostos exorbitantes, não eram obrigados a pensar. (Estou-me a lembrar do tempo do nosso tirano, o "saudoso" Doutor Salazar, o que disse "sei o que quero e para onde vou" e das pessoas idiotas, que diziam "a minha política é o trabalho", enquanto viam os filhos morrer em África para defender os lucros da CUF e do resto da oligarquia da época).
Ou imagino os donos da frota mercante ateniense, atarefados a acolher um barco e os seus lucros, faltando à reunião onde se decidiam os assuntos públicos, idiotas desejosos de uma oligarquia, em que as leis favorecessem o comércio e criassem mão de obra barata, esquecendo os mais pobres.
Ou alguns aristocratas idiotas, que preferiam comparecer a um banquete a ter que ver pessoas mal vestidas e sem piada alguma a decidir os destinos da cidade.
Ou até podemos imaginar alguns monárquicos, saudosos do tempo mítico em que Atenas era governada por um Rei, que administrava a justiça com bom-senso e bondade, que era valente na guerra e adorado pelos cidadãos, na época vassalos idiotas, cuja única preocupação era serem leais (condição necessária mas não suficiente para não ser decapitado).
Os cidadãos, na democracia ateniense, votavam leis, não pessoas, os cargos eram sorteados e duravam pouco tempo. A única excepção era a guerra, em que era eleito um estratego, encarregado de comandar os cidadãos armados até a cidade voltar a estar livre de perigo. Não sei o que acontecia quando um idiota era sorteado, não sei se era preciso estar presente ao sorteio para assumir o cargo mas sabe-se que ninguém gostava de ser sorteado: a responsabilidade não era paga e era cuidadosamente escrutinada pelos cidadãos, qualquer deslize e o sorteado arriscava-se a ser votado ao ostracismo, ou seja, a ficar 10 anos fora da cidade.
No nosso sistema de governos representativos, abusivamente chamado de "democracia", os nossos "representantes" votam as leis que agradam a quem os escolheu de facto, a oligarquia, que, no nosso tempo, é sobretudo financeira. Como nada nos é pedido além de votar, de 4 em 4 anos, os estrategos (não escolhidos por nós) para a contínua guerra económica que nos passa ao lado, reduzidos nós a "recursos humanos", a "mão-de-obra", e apenas chamados de cidadãos quando se trata de pagar impostos, é natural que os idiotas sejam numerosos.
Mas estamos no tempo da revolução informática e é tão visível que as leis favorecem a acumulação crescente de capital nas mãos de uns "poucos" (oligos), é tão visível que os nossos impostos se destinam a pagar juros, é tão visível que vivemos em oligarquia, que muita gente vai ganhando consciência da necessidade de mudar, que há muita gente indignada.
E cidadãos indignados, desabituados da responsabilidade de pensar a coisa pública, idiotizados e manipulados, correm o risco de cair na demagogia dos fascistas do nosso tempo, como Mme. Marine Le Pen. Fascistas que usam a informática, o potencial instrumento para criar a democracia real!
Compete-nos, aos democratas, esclarecer que o fascismo é tirania, se destina a acabar com o que (ainda) temos de direitos humanos, que se trata do último recurso da oligarquia, da manipulação das consciências usando emoções, arrastando-as para o irracional.
Ao contrário da maioria dos democratas não me parece que se deva proteger os idiotas proibindo os fascistas de falar mas, antes, rebatendo, trabalhosamente, a demagogia.
Neste tempo de revolução informática o campo de batalha é virtual, são os meios de comunicação, e um demagogo ridicularizado é uma pequena vitória. Aproveitemos para celebrar os 300 editoriais de hoje, dos jornais americanos, fazendo isto mesmo, batalhando no campo onde a guerra é feita, onde a oligarquia luta pela conquista das nossas consciências. A mentira, repetida, é arma eficaz. A verdade tem que ser mais forte... repitámo-la, também!
Imagino que alguns até estivessem saudosos da tirania, de quando, embora o tirano lhes extorquisse impostos exorbitantes, não eram obrigados a pensar. (Estou-me a lembrar do tempo do nosso tirano, o "saudoso" Doutor Salazar, o que disse "sei o que quero e para onde vou" e das pessoas idiotas, que diziam "a minha política é o trabalho", enquanto viam os filhos morrer em África para defender os lucros da CUF e do resto da oligarquia da época).
Ou imagino os donos da frota mercante ateniense, atarefados a acolher um barco e os seus lucros, faltando à reunião onde se decidiam os assuntos públicos, idiotas desejosos de uma oligarquia, em que as leis favorecessem o comércio e criassem mão de obra barata, esquecendo os mais pobres.
Ou alguns aristocratas idiotas, que preferiam comparecer a um banquete a ter que ver pessoas mal vestidas e sem piada alguma a decidir os destinos da cidade.
Ou até podemos imaginar alguns monárquicos, saudosos do tempo mítico em que Atenas era governada por um Rei, que administrava a justiça com bom-senso e bondade, que era valente na guerra e adorado pelos cidadãos, na época vassalos idiotas, cuja única preocupação era serem leais (condição necessária mas não suficiente para não ser decapitado).
Os cidadãos, na democracia ateniense, votavam leis, não pessoas, os cargos eram sorteados e duravam pouco tempo. A única excepção era a guerra, em que era eleito um estratego, encarregado de comandar os cidadãos armados até a cidade voltar a estar livre de perigo. Não sei o que acontecia quando um idiota era sorteado, não sei se era preciso estar presente ao sorteio para assumir o cargo mas sabe-se que ninguém gostava de ser sorteado: a responsabilidade não era paga e era cuidadosamente escrutinada pelos cidadãos, qualquer deslize e o sorteado arriscava-se a ser votado ao ostracismo, ou seja, a ficar 10 anos fora da cidade.
No nosso sistema de governos representativos, abusivamente chamado de "democracia", os nossos "representantes" votam as leis que agradam a quem os escolheu de facto, a oligarquia, que, no nosso tempo, é sobretudo financeira. Como nada nos é pedido além de votar, de 4 em 4 anos, os estrategos (não escolhidos por nós) para a contínua guerra económica que nos passa ao lado, reduzidos nós a "recursos humanos", a "mão-de-obra", e apenas chamados de cidadãos quando se trata de pagar impostos, é natural que os idiotas sejam numerosos.
Mas estamos no tempo da revolução informática e é tão visível que as leis favorecem a acumulação crescente de capital nas mãos de uns "poucos" (oligos), é tão visível que os nossos impostos se destinam a pagar juros, é tão visível que vivemos em oligarquia, que muita gente vai ganhando consciência da necessidade de mudar, que há muita gente indignada.
E cidadãos indignados, desabituados da responsabilidade de pensar a coisa pública, idiotizados e manipulados, correm o risco de cair na demagogia dos fascistas do nosso tempo, como Mme. Marine Le Pen. Fascistas que usam a informática, o potencial instrumento para criar a democracia real!
Compete-nos, aos democratas, esclarecer que o fascismo é tirania, se destina a acabar com o que (ainda) temos de direitos humanos, que se trata do último recurso da oligarquia, da manipulação das consciências usando emoções, arrastando-as para o irracional.
Ao contrário da maioria dos democratas não me parece que se deva proteger os idiotas proibindo os fascistas de falar mas, antes, rebatendo, trabalhosamente, a demagogia.
Neste tempo de revolução informática o campo de batalha é virtual, são os meios de comunicação, e um demagogo ridicularizado é uma pequena vitória. Aproveitemos para celebrar os 300 editoriais de hoje, dos jornais americanos, fazendo isto mesmo, batalhando no campo onde a guerra é feita, onde a oligarquia luta pela conquista das nossas consciências. A mentira, repetida, é arma eficaz. A verdade tem que ser mais forte... repitámo-la, também!
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