A separação

Cada um de nós se sabe separado dos seus pais, dos seus irmãos, único e só. Demora a perceber quanto tem daquilo que se pode chamar a "cultura familiar" e mais demora a saber da cultura da sua região, de como lhe pertence. Alguns morrem sem saber da afinidade entre todos os membros da espécie humana. E muito poucos se interrogam sobre a sugestão da mecânica quântica de que estamos ligados (entangled) a tudo o que existe, a dimensões que não conhecemos ainda, como ainda não conhecemos a comunicação entre as coisas que é a gravidade, que não tem onda nem partícula que a torne real aos nossos olhos, porém existe.
E, tanto os frutos mais recentes da nossa civilização como as tradições mais arcaicas, condenam a ilusão da separação, a tacanhez do egoísmo, a falta de respeito pelas outras criaturas, que é a grande fonte de sofrimento e de ignorância. "Somos todos um" não é apenas uma frase espiritualista mas a essência dos Direitos Humanos, que são o fruto mais visível da nossa civilização, nascido do doloroso parto que foi a última guerra mundial, que acabou na tragédia de Hiroxima e Nagasáqui.

A organização política das nossas sociedades pode evoluir, tem evoluído. Se a civilização nos trouxe à arcaica noção de que todos nos merecem respeito, a democracia aparece como a antítese de entregar o poder político a um grupo, como seja, actualmente, à oligarquia internacional, que controla governos, comunicação social, ensino, saúde... que controla a cultura, o "senso comum".

É de elementar bom senso criar a democracia directa,

 (aqui fui interrompido com a notícia de que o Presidente da República cruzou os braços, ostensivamente, enquanto a Assembleia geral da ONU aplaudia o discurso de Trump; interrogado pelos jornalistas disse que o discurso contrariava a posição portuguesa, o respeito por todas as culturas, era um discurso nacionalista e Portugal defende o “multilateralismo”, ou seja, já sabe que não está separado)

, a democrarcia directa aparece como viável, com a informática, e como resposta à colonização do nosso sistema de governos representativos pela oligarquia; a maior parte dos nossos políticos nem sabe para quem trabalha ... e pensa estar a cumprir um mandato nosso!
É bom ver uma posição civilizada do nosso Presidente, na ONU. O tal "nacionalismo universalista" :-)
Gosto de imaginar Portugal e o Brasil a criarem as primeiras democracias da era da Revolução Informática. Mas a Democracia Directa só existirá quando as pessoas ultrapassarem, no mundo, um limiar de consciência.
Contra isso luta a oligarquia, "vendendo“ a separação, “por meios tão subtis e tão peritos / Que não podem sequer ser bem descritos".
Atrasando-nos, apenas.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

O medo

As dificuldades

Privilégios