Sonho
Todo o sonho se pode realizar. De sua natureza pouco claro, algo é muito nítido no sonho: o que sentimos!
Os portugueses, sonhámos o 25 de Abril. Cada um à sua maneira (eu sonhei a liberdade, o fim da censura, dos presos políticos), houve quem sonhasse que viveríamos como em França, para onde se emigrava, houve quem sonhasse a Paz, o regresso dos filhos que matavam e se matavam para lá dos mares, houve quem sonhasse uma sociedade sem classes, a fraternidade e a igualdade, como houve quem sonhasse a substituição das elites medíocres por outras "civilizadas".
Como quem vive um grande amor e se desilude, a realidade não concretizou os sonhos mas, se soubermos ver mais que o sonho, vemos que demos um passo de gigante, em paz e com alegria.
Hoje, há quem sonhe a Democracia Directa, quem a imagine em todo o mundo, criada em paz e com alegria, quando todos a quiserem. Com ela a abundância, a Liberdade e a Paz.
Mas também há quem sonhe o regresso das fronteiras, na Europa, a expulsão dos estrangeiros, a liberdade só para alguns, o pesadelo para os outros. E há quem sonhe o regresso ao passado, seja à social-democracia do pós-guerra, seja ao tempo do Doutor Salazar, seja à grandeza de quinhentos...
A grandeza de quinhentos foi um sonho de D. Dinis, que respeitava cristãos, muçulmanos e judeus, igualmente -- e o sonho desfez-se quando entrou a separação, quando nos desintegrámos, aceitámos a ganância, a Inquisição, quando desistimos de sonhar.
Este é o tempo de sonhar. Dizem que o risco de ter pesadelos aumenta se quisermos dormir antes de fazer a digestão. E a sociedade de consumo é indigesta, propõe-nos sonhar com o Euromilhões, com toneladas de coisas inúteis, apresentadas como deliciosas e imprescindíveis. Façamos, antes de sonhar, uma caminhada pela História, pelo trabalho que deu libertamo-nos das tiranias, pelo quotidiano amedrontado dos nossos avós.
E se, mesmo assim, o canto de sereia do nacionalismo nos quiser embalar, aqui fica um texto de um nacionalista civilizado: Fernando Pessoa.
Os portugueses, sonhámos o 25 de Abril. Cada um à sua maneira (eu sonhei a liberdade, o fim da censura, dos presos políticos), houve quem sonhasse que viveríamos como em França, para onde se emigrava, houve quem sonhasse a Paz, o regresso dos filhos que matavam e se matavam para lá dos mares, houve quem sonhasse uma sociedade sem classes, a fraternidade e a igualdade, como houve quem sonhasse a substituição das elites medíocres por outras "civilizadas".
Como quem vive um grande amor e se desilude, a realidade não concretizou os sonhos mas, se soubermos ver mais que o sonho, vemos que demos um passo de gigante, em paz e com alegria.
Hoje, há quem sonhe a Democracia Directa, quem a imagine em todo o mundo, criada em paz e com alegria, quando todos a quiserem. Com ela a abundância, a Liberdade e a Paz.
Mas também há quem sonhe o regresso das fronteiras, na Europa, a expulsão dos estrangeiros, a liberdade só para alguns, o pesadelo para os outros. E há quem sonhe o regresso ao passado, seja à social-democracia do pós-guerra, seja ao tempo do Doutor Salazar, seja à grandeza de quinhentos...
A grandeza de quinhentos foi um sonho de D. Dinis, que respeitava cristãos, muçulmanos e judeus, igualmente -- e o sonho desfez-se quando entrou a separação, quando nos desintegrámos, aceitámos a ganância, a Inquisição, quando desistimos de sonhar.
Este é o tempo de sonhar. Dizem que o risco de ter pesadelos aumenta se quisermos dormir antes de fazer a digestão. E a sociedade de consumo é indigesta, propõe-nos sonhar com o Euromilhões, com toneladas de coisas inúteis, apresentadas como deliciosas e imprescindíveis. Façamos, antes de sonhar, uma caminhada pela História, pelo trabalho que deu libertamo-nos das tiranias, pelo quotidiano amedrontado dos nossos avós.
E se, mesmo assim, o canto de sereia do nacionalismo nos quiser embalar, aqui fica um texto de um nacionalista civilizado: Fernando Pessoa.
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