Especulações
Todos nos interrogámos sobre o sentido da vida. Que é isto? Que estamos a fazer neste mundo, em que caímos, sem manual de instruções? Como é que isto aconteceu? Terá um propósito?
É certo que, a maior parte das vezes, embora nos sintamos como alguém caído no meio de um jogo de futebol sem o saber jogar, vamos vendo o que os outros fazem e começamos a correr atrás da bola; com o tempo estamos jogando e até nos pode acontecer o improvável golo! Se nos adaptarmos, a interrogação inicial deixa de nos fazer sentido: estamos aqui para marcar golos, claro! Não dá tempo para especular sobre o sentido do jogo ou como terá ele nascido... e muito menos sobre como teremos vindo aqui parar: estamos aqui, trata-se de jogar o melhor possível!
No jogo da vida em que nos eis caídos o primeiro assunto que nos chama a atenção é o de evitar o sofrimento. Antes de mais o sofrimento físico: a fome e a sede sendo o primeiro dos assuntos, o frio ou o calor excessivo sendo o segundo e por aí fora. Depois vem a necessidade de evitar o sofrimento emocional: se nos acarinhavam e deixaram de o fazer, isso dói. Só depois vem a necessidade de evitar o sofrimento mental: tanta coisa que não compreendemos! Só aqui nos podemos dedicar à interrogação inicial -- qual o sentido da vida?
E lermos as cosmogonias que os antepassados (e os de outras civilizações) fizeram -- isto se nos não contentarmos com a da cultura em que nascemos! Quando descobrimos que gostaríamos de aprender sânscrito já gastámos a maior parte dos 90 minutos (digo, anos) de jogo e a hipótese de prolongamento é remota; o jogo habitualmente acaba antes de lhe termos entendido as regras ou mesmo se as tem!
Épocas houve em que, graças à escravatura de uns muitos, alguns se puderam dedicar a pensar. Alguns dos cidadãos de Atenas no século V antes de Cristo ou alguns dos lordes ingleses no século XVIII fizeram a civilização crescer. E note-se que criavam as leis que os regiam! Só sendo livres o poderiam ter feito e só o seriam se as leis os fizessem.
Hoje milhões poderiam pensar, não fora dedicarem-se, de alma e coração, a endividarem-se para comprar o que lhes propõem, e aos outros truques viciantes, como os jogos, as séries, os filmes e até as notícias com que a oligarquia financeira todo-poderosa nos levará, de novo, imperceptivelmente, à escravatura -- porque não criamos as leis que nos regem!
Mas, antes do sofrimento mental, há, ainda, um sofrimento emocional inalienável: há fome e miséria em quantidades absurdas, num mundo em que, com a informática a automatizar todos os trabalhos, elas podem ser eliminadas.
Para acabar com a miséria no mundo é preciso que o número de pessoas conscientes de que isso é um assunto para resolver chegue a um limiar que nos ponha a todos conscientes disso!
Quando acabarmos com a oligarquia, quando criarmos a Democracia e criarmos as regras deste jogo em que caímos, talvez venhamos a descobrir que o sentido da vida é para ser criado por nós;-)
É certo que, a maior parte das vezes, embora nos sintamos como alguém caído no meio de um jogo de futebol sem o saber jogar, vamos vendo o que os outros fazem e começamos a correr atrás da bola; com o tempo estamos jogando e até nos pode acontecer o improvável golo! Se nos adaptarmos, a interrogação inicial deixa de nos fazer sentido: estamos aqui para marcar golos, claro! Não dá tempo para especular sobre o sentido do jogo ou como terá ele nascido... e muito menos sobre como teremos vindo aqui parar: estamos aqui, trata-se de jogar o melhor possível!
No jogo da vida em que nos eis caídos o primeiro assunto que nos chama a atenção é o de evitar o sofrimento. Antes de mais o sofrimento físico: a fome e a sede sendo o primeiro dos assuntos, o frio ou o calor excessivo sendo o segundo e por aí fora. Depois vem a necessidade de evitar o sofrimento emocional: se nos acarinhavam e deixaram de o fazer, isso dói. Só depois vem a necessidade de evitar o sofrimento mental: tanta coisa que não compreendemos! Só aqui nos podemos dedicar à interrogação inicial -- qual o sentido da vida?
E lermos as cosmogonias que os antepassados (e os de outras civilizações) fizeram -- isto se nos não contentarmos com a da cultura em que nascemos! Quando descobrimos que gostaríamos de aprender sânscrito já gastámos a maior parte dos 90 minutos (digo, anos) de jogo e a hipótese de prolongamento é remota; o jogo habitualmente acaba antes de lhe termos entendido as regras ou mesmo se as tem!
Épocas houve em que, graças à escravatura de uns muitos, alguns se puderam dedicar a pensar. Alguns dos cidadãos de Atenas no século V antes de Cristo ou alguns dos lordes ingleses no século XVIII fizeram a civilização crescer. E note-se que criavam as leis que os regiam! Só sendo livres o poderiam ter feito e só o seriam se as leis os fizessem.
Hoje milhões poderiam pensar, não fora dedicarem-se, de alma e coração, a endividarem-se para comprar o que lhes propõem, e aos outros truques viciantes, como os jogos, as séries, os filmes e até as notícias com que a oligarquia financeira todo-poderosa nos levará, de novo, imperceptivelmente, à escravatura -- porque não criamos as leis que nos regem!
Mas, antes do sofrimento mental, há, ainda, um sofrimento emocional inalienável: há fome e miséria em quantidades absurdas, num mundo em que, com a informática a automatizar todos os trabalhos, elas podem ser eliminadas.
Para acabar com a miséria no mundo é preciso que o número de pessoas conscientes de que isso é um assunto para resolver chegue a um limiar que nos ponha a todos conscientes disso!
Quando acabarmos com a oligarquia, quando criarmos a Democracia e criarmos as regras deste jogo em que caímos, talvez venhamos a descobrir que o sentido da vida é para ser criado por nós;-)
De entrevista a Vandana Shiva
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