As minorias
Em democracia não teríamos representantes eleitos, não falaríamos pela voz de outro. Nestes nossos sistemas parlamentares, os deputados, conscientes disso ou não, votam as leis que convêm à oligarquia que os controla (e que nos controla), não as que convêm à maioria das pessoas.
Mas há algo em que os nossos sistemas políticos parlamentares são mais convenientes, para a maioria, que as tiranias. Trata-se (paradoxalmente) do respeito pelas minorias, que parece um milagre nos nossos sistemas, e deve ter tido origem na origem deles: a luta contra tiranias.
Ninguém é perseguido por ter pontos de vista minoritários, ao contrário do que se passa em regimes de partido único. Entre nós, antes de acabar a II Guerra Mundial, o "tiraninho" chegou a dizer que "quem não é por nós é contra nós". Depois deixou de o dizer, passou a fingir que respeitava os Direitos Humanos.
Pois essa pequena e enorme vantagem sobre as tiranias está a desaparecer, agora mesmo.
A oligarquia existe graças aos "mercados", às leis que regem os investimentos financeiros e os seus lucros. Há leis que protegem o cidadão (sem pôr em causa o sistema financeiro) e há um jogo, já antigo, que consiste em passar pelos interstícios das leis, por lhes encontrar as falhas, que existem sempre.
O "marketing", na sua forma actual, é um adversário poderoso para o cidadão médio. Usa tudo o que lhe possa servir e, o melhor marketing, funciona dentro das leis. O lucro é objectivo tão forte que as técnicas de manipulação das pessoas estão sempre à frente da consciência de ser manipulado que elas têm.
Deixo aqui um filme que (enquanto não for retirado) nos permite ver como um oligarca conhecido se lançou, com os seus aliados, num processo de manipulação global. Trata-se do habitual nos mercados: fazer um investimento cujos lucros não sejam apenas o dobro dele mas sejam o investimento multiplicado um número obsceno de vezes, o sonho de qualquer investidor.
No filme percebe-se porque foi escolhida a área da saúde e como se trata de uma área em que temos medo, em que somos ignorantes e confiamos no nosso médico, e, portanto, um campo de acção para a manipulação do marketing inigualável.
A frase do nosso antigo "tiraninho", "quem não é por nós é contra nós", ganhou novo fôlego: a maioria das pessoas acredita que não se vacinar é um comportamento anti-social, que um não vacinado pode estar infectado -- que está contra "nós". De facto trata-se de uma minoria e, que melhor que o assunto da saúde para pôr em causa o respeito pelas minorias, essa herança do pós-guerra?
P.S. Eis um artigo a propósito: Pharmathéisme
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