A oligarquia
Os impérios acontecem quando vários países, antes em contínuas guerras, são controlados por um poder central, todos obedecem às mesmas leis; têm o comércio facilitado pela paz e por uma moeda comum. Só um senão para os países subjugados, além de terem perdido a soberania: pagam tributo!
A democracia ateniense teve o seu império marítimo, que terá chegado às nossas costas. Roma, cedo em contacto com a Grande Grécia, as colónias gregas no sul da península de Itália, terá herdado esse império marítimo. E podemos ver os portugueses de 500 como os criadores de um império marítimo europeu, este herdado pela Inglaterra, pelo império britânico, simbolicamente com o dote de Catarina, filha de D.João IV, Bombaim, as portas da Índia.
Grandes expansões marítimas feitas sem ter controlado os vizinhos, arriscam-se a falhar “em casa”. Foi o caso de Atenas mas não foi o caso de Roma. Foi o caso de Portugal mas não foi o caso da Inglaterra. Porém, a Europa nunca foi controlada pela Inglaterra e, com as grandes guerras europeias, quando a Inglaterra teve que pedir ajuda à sua antiga colónia americana, a expansão do Império mudou de mãos… e a Europa passou a pertencer ao império, agora, anglo-americano. Pelo menos aparentemente, o dólar é a moeda de referência e as regras do comércio mundial, que foram definidas em Bretton Woods, garantem o tributo ao Império, todos os empréstimos internacionais são feitos em dólares, o comércio de petróleo tem que ser feito em dólares etc. A prova de que de um império se trata é o dólar ter continuado como referência, depois de per perdido a sua paridade em ouro; o dólar tornou-se o ouro, e é produzido aos triliões, o que permite aos Estados Unidos, numa crise como a de 2008, fabricar moeda sem que se desvalorize. Um roubo, legal, feito ao resto do mundo! Mas é interessante ver um documentário chamado “The Secret Web “ onde se vê que a City de Londres mantém o controle da alta finança internacional: quando aconteceu a descolonização, nos anos 60, apareceram os Off-Shores, em pontos remotos do Império, subtilmente controlados pela City. A história da morte do Império Britânico está mal contada!
A oligarquia, que controla o sistema monetário internacional, que tem o poder político sobre quase todos os países do mundo, não é uma organização criminosa, é um império. Para a julgar teríamos que ter um direito internacional, que não existe; sabe-se que não há direito sem força, e as leis que existem em cada Estado foram por ela criadas. A oligarquia é, legalmente, o poder político supra-nacional, o império do Ocidente.
Isto não configura uma "teoria da conspiração", conceito aproveitado pela dita oligarquia para ridicularizar os seus adversários, porque o poder do dinheiro na política é demasiado conspícuo, é inegável, é uma verdade que não pode ser encoberta.
Também não é fácil negar que, pelo menos desde há duzentos anos, o seu poder tem crescido: hoje tem força militar, decide como actua o maior exército do mundo, o dos Estados Unidos da América e uma organização em que estes predominam e contolam, a NATO, ou OTAN, a Organização do Tratado do Atlântico Norte. Esta foi criada, depois de derrotado um adversário mais controlável, os fascismos, para conter o adversário principal da oligarquia, a URSS, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.
A vitória das "democracias" foi um grande alívio para os povos da Europa, porque, desde a antiguidade grega se sabe que a tirania é ainda pior que a oligarquia. Mas Aristóteles, que viu cair a Democracia ateniense, lembrou que isso pouco lhe interessava, que queria a Democracia.
Vivemos, na Europa, em oligarquia, que usa o sistema de governos "representativos" para que sejam os seus representantes, por ela escolhidos, quem faz as leis, "em nome dos cidadãos", que os elegeram. Enquanto este conceito não for claro para uma grande maioria das pessoas, a oligarquia manterá, legalmente, o poder político.
Podemos passar a eleger a Comissão Europeia, por exemplo, mas os "nossos representantes" eleitos serão escolhidos de entre os nomeados por ela, pelo poder político real, do outro lado do Atlântico.
Ora, neste momento, pela primeira vez, há quem resista a oligarquia internacional, ao Império ao qual aos países europeus se submetem: Os velhos impérios continentais da Eurásia, o persa, hoje Irão, a China, a Índia e o Império Russo, que resistiu a Napoleão e a Hitler, e hoje resiste à NATO. Esta tem-no cercado, desde há décadas, e, em Janeiro, anunciou que não havia razão para não aceitar a Ucrânia como membro; Angela Merkel, que sabia o desequilíbrio geopolítico que isso traria, sempre o impedira. Mas, com o novo Chanceler, a Rússia percebeu que precisava de intervir na Ucrânia ou teria uma guerra aberta com a NATO.
Claro que, mesmo não tendo a Ucrânia ainda registado as suas fronteiras, a entrada em território ucraniano permitiu ao Império ocidental, que controla a informação, apresentar a Rússia como um agressor.
A novidade é que a Rússia se aliou com a China e com a Índia, que a NATO tem milhões de soldados pela frente, caso invada a Rússia. E que está a ser preparada uma moeda alternativa ao dólar para os restantes países do mundo. A Oligarquia ficará apenas com as Américas e com a Europa, o resto do mundo deixará de se importar com as sanções, que são ainda uma arma poderosa. Por exemplo, foi possível aparecer a notícia, no Ocidente, de que a Rússia, pela primeira vez desde a Revolução de 1917, tinha interrompido o pagamento dos juros da sua dívida soberana. A Rússia tem biliões em Off-Shores que se destinam a pagamentos como esse mas a oligarquia congelou-os, impediu qualquer transacção, no âmbito das sanções; um jornalista que vá a Rússia não pode usar qualquer cartão de crédito, etc. Só países muito grandes, potencialmente auto-suficientes, como a Rússia, a China a Índia e o Brasil, os BRICs, podem aguentar ser retirados do sistema monetário internacional, das trocas normais entre países. Estão a organizar o BRICs Plus, com o Irão, Paquistão, a Argentina, etc. E um sistema monetário para o resto do Mundo, ou seja, o desaparecimento da arma principal da oligarquia do Império Anglo-Americano, o ser a dona do único sistema monetário internacional.
O mundo que conhecemos desde a última grande guerra acabou. Estas são boas notícias para quem quer a democracia. E a informática permite criar, em cada país, a democracia directa; mas ela só poderá acontecer se as pessoas a quiserem. Se os democratas forem a maioria.
Portugal, que não aderiu ao plano Marshall e só perdeu a soberania no tempo do Cavaco, deveria sair da NATO e lançar um referendo sobre a construção da democracia direta usando a informática
ResponderEliminarPlenamente de acordo!
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