A independência

 Quem se não lembra do primeiro ordenado, da primeira casa? Também para os países se trata de um valor fundamental, a independência, "assegurado" pelas Nações Unidas, algo que só é verdadeiramente possível sendo o país muito grande ou tendo uma rede de parceiros comerciais bem montada. Depois de ser independente, convém ser interdependente. Se for antes, ser-se-á dependente.

Portugal não é independente, "pertence" ao império anglo-americano; e a forma como lidamos com essa frustração é, habitualmente, negando-a. Fingimos não saber o que seja o império financeiro, senhor da moeda de referência no mundo, capaz de mergulhar a Europa em inflacção, por exemplo, se isso interessar à expansão do seu controle sobre os outros países. A revolução laranja na Ucrânia, que esse império financeiro criou, em 2014, comprando propaganda e pessoas, na sequência de uma velhíssima "não guerra" com o império russo, apadrinhando aí um governo de extrema-direita e as suas provocações aos falantes de russo do país, pretendia o que aconteceu, a guerra a quente, "justificação" de sanções à Rússia. Os países da Europa, submissos aliados dos Estados Unidos da América, inscientes de que Washington é controlada pela industria de armamento, pelas farmacêuticas, por uma oligarquia que não tem aliados, aceitaram fazer as desejadas sanções, à custa das suas economias, do sofrimento dos seus povos.

Na nossa Constituição está o bom relacionamento com todos os povos do mundo e deveríamos, mesmo pertencendo à OTAN, continuar as boas relações com o império a Leste da Europa, alheios que somos ao seu contencioso com o império ocidental. Mas não somos independentes.

É preciso um pouco de coragem para ser independente, quiçá bastante! Num mundo multipolar poderíamos fazer da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) uma aliança comercial que poderia ser independente, com uma moeda comum, e, então, em interdependência com o resto do mundo. Porém, neste mundo em que ainda estamos, sob a hegemonia do Império financeiro, a tentativa de nos libertarmos da obrigação de fazer as sanções que o Império dita trar-nos-ia as ditas e inevitáveis sanções económicas, que todo o mundo teme. Impediria a marinha Estado-Unidense esse comércio, depois de impostas? Decerto, mas o mundo todo estaria connosco, mesmo que a Europa se abstivesse de nos apoiar. Reconheçamos a verdadeira razão porque essa comunidade nunca passou do papel: o medo.

Na Primavera, quem sabe, os povos ganharão consciência e este mundo amedrontado levantará a cabeça.

É preciso.


Comentários

  1. Parece querer lançar a III Guerra Mundial ;-)

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    1. A arma principal da guerra, neste tempo, é a informação. Se as pessoas de todo o mundo lhe resistirem, se virem que a Pax Americana provocou todas as guerras desde a derrota do nazismo e que pode haver um equilíbrio pacífico de todos os Estados, apenas com prejuízo dos lucros da oligarquia, esta deixará de ter o poder político e, portanto, o poder militar. Seria o caminho da Paz.

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