O Quinto
Portugal foi um império marítimo, D. Manuel foi "senhor da conquista, navegação e comércio de Arábia, Persa e India". E na conquista foi morrendo o sonho. O menino imperador das festas do Espírito Santo era o sonho de uma fraternidade universal, de uma alegria tranquila, da paz universal.
Não foi a loucura de D. Sebastião, nem os mouros de Alquácer-Quibir, nem os filipes de Espanha, quem derrotou o sonho. Nem mesmo foi a Inquisição, o seu principal adversário, nem a mundana Roma.
Nem foram os herdeiros do império marítimo, os ingleses, com Bombaim (hoje Mombai) entregue como dote de Catarina, a princesa portuguesa que foi rainha de Inglaterra.
Os sonhos não morrem. Ainda hoje há festas nas ilhas e no Brasil, mas o que importa é que todo o mundo quer a paz universal e a fraternidade.
É certo que o nacionalismo universalista dissolve com facilidade a nacionalidade. Mas vale mais uma vida curta e grande que uma vida longa e baixa. Uma pedra dura muito mais que um homem, porém não fazemos do tradicionalismo organico das pedras o exemplo do valor das coisas." Fernando Pessoa
O QUINTO IMPÉRIO
Triste de quem vive em casa,
Contente com o seu lar,
Sem que um sonho, no erguer de asa,
Faça até mais rubra a brasa
Da lareira a abandonar!
Triste de quem é feliz!
Vive porque a vida dura.
Nada na alma lhe diz
Mais que a lição da raiz —
Ter por vida a sepultura.
Eras sobre eras se somem
No tempo que em eras vem.
Ser descontente é ser homem.
Que as forças cegas se domem
Pela visão que a alma tem!
E assim, passados os quatro
Tempos do ser que sonhou,
A terra será teatro
Do dia claro, que no atro
Da erma noite começou.
Grécia, Roma, Cristandade,
Europa — os quatro se vão
Para onde vai toda idade.
Quem vem viver a verdade
Que morreu D. Sebastião?
O menino imperador pode ter a forma deste velho que fala, em português, na Assembleia do Mundo,
em 19 de Setembro de 2023.
E há outros meninos, pelo mundo, como este, ou este.
Ia escrever um texto sobre a Paz quando vi que o escrevi, há cinco anos!
Comentários
Enviar um comentário
"Da discussão nasce a luz"