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A mostrar mensagens de agosto, 2018

Xenofobia

É claro que o medo tem um papel na vida, só é patológico quando se prolonga e desequilibra o indivíduo. Talvez a fobia mais conhecida seja a claustrofobia, o medo dos espaços fechados, todos conhecemos pessoas que sobem pelas escadas, por medo de estar dentro do elevador. Se, "bondosamente", as forçarmos a entrar, argumentando que o seu medo é irracional, podemos provocar-lhes um ataque de pânico e, quiçá, ficar com um olho negro, recompensa da nossa "bondade". Mas se, ao tomarmos consciência de que o nosso amor à liberdade é coisa análoga ao medo de estar preso, confinado, que os obriga a ir pelas escadas, e a nossa simpatia e aceitação forem contagiosas, pode ser que entrem connosco no elevador e simbolicamente nos abracem, em vez de nos agredirem. Carl Gustav Jung, que estudou a psique com o método científico, estudou também tradições ancestrais, que usou para elaborar as suas teorias. Há aspectos da nossa psique que não nos são sequer visíveis, o tal Inconscien...

A Estratégia

Para os democratas, o objectivo é que a democracia seja o sistema político, substituindo a oligarquia vigente, em todo o mundo. A oligarquia, dona dos bancos emissores e dos grandes bancos, manipula a moeda e as bolsas de valores e está perto de conseguir que todos os cidadãos, mesmo os grandes investidores, lhe paguem renda. A acumulação que faz, desde há séculos, de moeda e de títulos de valores, é exponencial. Compra deputados, compra governos, compra jornais e televisões e é dona da grande maioria da opinião pública. (Há sempre uma aldeia de irredutíveis, claro!) Quando foi instituído o primeiro sistema de governo representativo do nosso tempo, produto da revolução americana, tratava-se de uma aristocracia, de um governo de sábios. Pela sua natureza, foi-se transformando numa oligarquia. E esta prefere os governos representativos a qualquer outra forma de governo, os tiranos mostram-se mais difíceis de controlar e só os apoia como recurso. Alexis de Tocqueville, em 1832, regre...

A violência

Não acredito que a violência seja natural, que seja compatível com a saúde, com o tal "completo bem-estar físico e psíquico". Sabemos que nos acontece ser violentos quando nos sentimos frustrados -- e sabemos que o que de ruim nos aconteceu não melhora com a nossa ira. Já não falando da dor física, a humilhação, de quem sofre a violência e de quem a pratica, é dor maior. E contrasta com o prazer de uma gentileza discreta, para quem a recebe e para quem a pratica. Como "combater" é palavra violenta e o leitor já entendeu que a violência me desperta compaixão, falemos de como "evitar" a violência. Das regras de higiene para não sermos vítimas dessa doença. Se ela nasce da frustração aparecem dois caminhos: o oriental, o de nada desejar, e o ocidental, o de tudo conseguir. Deve ser melhor desejar pouco e conseguir muito, já que o "óptimo é inimigo do bom". Mas, controladas as nossas frustrações, há uma frustração inerente ao mundo em que viv...

Os idiotas

"Idiota" é uma palavra que herdámos da velha Grécia e que se referia às pessoas que não se interessavam pela coisa pública. Cidadãos que preferiam ficar a tratar dos seus assuntos em vez de comparecerem na Ágora,  para votar as leis. Imagino que alguns até estivessem saudosos da tirania, de quando, embora o tirano lhes extorquisse impostos exorbitantes, não eram obrigados a pensar. (Estou-me a lembrar do tempo do nosso tirano, o "saudoso" Doutor Salazar, o que disse "sei o que quero e para onde vou" e das pessoas idiotas , que diziam "a minha política é o trabalho", enquanto viam os filhos morrer em África para defender os lucros da CUF e do resto da oligarquia da época). Ou imagino os donos da frota mercante ateniense, atarefados a acolher um barco e os seus lucros, faltando à reunião onde se decidiam os assuntos públicos, idiotas desejosos de uma oligarquia, em que as leis favorecessem o comércio e criassem mão de obra barata, esquecendo os ...