Esperança
Perdoe-me o leitor começar por resumir, de novo, a tese deste blog: os cidadãos perderam (há muito!) o poder político, que está nas mãos de uma Oligarquia (do grego "poder de uns poucos"), os donos do dinheiro, do seu fabrico e dos bens que compra. Trata-se de recuperar o poder político e, em todos nós o querendo, de usar a informática para que as leis sejam votadas directamente, já que os nossos "representantes" representam, cada dia mais descaradamente, a Oligarquia, que é, hoje, internacional e financeira. Não os escolhemos nem criámos as leis que fazem, favoráveis à Oligarquia, não aos cidadãos.
A Oligarquia internacional controla os meios de comunicação e nós somos levados a crer que vivemos em democracia. O jogo político entre os partidos, que permite, como agora, com a "geringonça", em Portugal, pequenos alívios ao paulatino empobrecimento dos cidadãos, é uma distração semelhante ao futebol e as paixões clubísticas deixam os pequenos partidos numa segunda divisão irrelevante.
Entre uma tirania e esta oligarquia o diabo que escolha. Ela é internacional, exige uma consciência global dos cidadãos para ser apeada e controla-nos por meios "tão subtis e tão peritos, que não podem sequer ser bem descritos", como dizia a Sophia sobre o nosso tiraninho.
Acredito que essa consciência global está a nascer, que a consciência de que os nossos Estados não controlam a moeda, usam os impostos para pagar renda à Oligarquia, fazem as leis que defendem o sistema oligárquico, é uma consciência imparável; diz-se que os cidadãos "estão a acordar".
A primeira reacção é uma fúria contra os "políticos" em geral, gente em quem delegámos a nossa responsabilidade cívica. Ainda parece longínqua a consciência de que a responsabilidade é nossa, ainda tentamos não ver o óbvio. Mas não pode estar longe.
Nesta fase há políticos oportunistas que se candidatam a tiranos, armando-se em incorruptíveis, na esperança de vir a controlar as Forças Armadas, com a legitimidade do nosso voto. Claro que a Oligarquia, que fabrica a moeda, e é dona dos bancos e das multinacionais, os controlará ainda com mais facilidade que aos actuais.
O "fascismo democrático" é a última jogada da Oligarquia, ter poder sobre a tirania e "legitimá-la" com eleições. Bolsonaro pode acusar os democratas de o não serem, pois, enquanto democratas, deveriam aceitar todos os disparates que o eleito pelos brasileiros for fazendo. "A História repete-se como farsa", Viktor Orbán, Matteo Salvini, Donald Trump, há toda uma família de tiranos democraticamente eleitos. Como no jiu-jitzo, a oligarquia aproveita o movimento popular que a quer agredir para o derrubar.
Os democratas somos forçados a aprender o jogo, se quisermos tirar o poder político à oligarquia. Somos forçados a ganhar uma consciência política muito clara e a criar formas de organizar as nossas sociedades que substituam, com vantagem, o sistema que vai cair.
Já se usa muito em Africa o porta-moedas no telefone portátil, transferências sem papel-moeda em pequenas compras. Os cheques, entre nós, já deixaram de ser usados. O poder político poderá acabar com a oligarquia cortando-lhe o fabrico de moeda e os juros que a alimentam.
O assunto principal é, além de criar alternativas viáveis para o sistema, talvez com uma comissão internacional de novos Clístenes, que tenha os melhores informáticos e os cidadãos mais sábios, no sentido de estarem para lá do seu ego e de terem a nossa confiança, o assunto é, para além desse lado prático, o de, num mundo em que nos tentam estupidificar quotidianamente, ganharmos consciência e libertarmo-nos da sociedade de consumo e da aparência de insolúvel que o problema tem.
Não se trata de empobrecer, de deixar de ter automóvel, televisor, etc, mas de enriquecer globalmente, como os imensos aumentos de produtividade que a informática vai trazendo nos mostram possível, trata-se de ganhar sabedoria e bom-senso. E de recuperar, para os cidadãos, o poder político, de substituir a oligarquia por uma Democracia.
A Oligarquia internacional controla os meios de comunicação e nós somos levados a crer que vivemos em democracia. O jogo político entre os partidos, que permite, como agora, com a "geringonça", em Portugal, pequenos alívios ao paulatino empobrecimento dos cidadãos, é uma distração semelhante ao futebol e as paixões clubísticas deixam os pequenos partidos numa segunda divisão irrelevante.
Entre uma tirania e esta oligarquia o diabo que escolha. Ela é internacional, exige uma consciência global dos cidadãos para ser apeada e controla-nos por meios "tão subtis e tão peritos, que não podem sequer ser bem descritos", como dizia a Sophia sobre o nosso tiraninho.
Acredito que essa consciência global está a nascer, que a consciência de que os nossos Estados não controlam a moeda, usam os impostos para pagar renda à Oligarquia, fazem as leis que defendem o sistema oligárquico, é uma consciência imparável; diz-se que os cidadãos "estão a acordar".
A primeira reacção é uma fúria contra os "políticos" em geral, gente em quem delegámos a nossa responsabilidade cívica. Ainda parece longínqua a consciência de que a responsabilidade é nossa, ainda tentamos não ver o óbvio. Mas não pode estar longe.
Nesta fase há políticos oportunistas que se candidatam a tiranos, armando-se em incorruptíveis, na esperança de vir a controlar as Forças Armadas, com a legitimidade do nosso voto. Claro que a Oligarquia, que fabrica a moeda, e é dona dos bancos e das multinacionais, os controlará ainda com mais facilidade que aos actuais.
O "fascismo democrático" é a última jogada da Oligarquia, ter poder sobre a tirania e "legitimá-la" com eleições. Bolsonaro pode acusar os democratas de o não serem, pois, enquanto democratas, deveriam aceitar todos os disparates que o eleito pelos brasileiros for fazendo. "A História repete-se como farsa", Viktor Orbán, Matteo Salvini, Donald Trump, há toda uma família de tiranos democraticamente eleitos. Como no jiu-jitzo, a oligarquia aproveita o movimento popular que a quer agredir para o derrubar.
Os democratas somos forçados a aprender o jogo, se quisermos tirar o poder político à oligarquia. Somos forçados a ganhar uma consciência política muito clara e a criar formas de organizar as nossas sociedades que substituam, com vantagem, o sistema que vai cair.
Já se usa muito em Africa o porta-moedas no telefone portátil, transferências sem papel-moeda em pequenas compras. Os cheques, entre nós, já deixaram de ser usados. O poder político poderá acabar com a oligarquia cortando-lhe o fabrico de moeda e os juros que a alimentam.
O assunto principal é, além de criar alternativas viáveis para o sistema, talvez com uma comissão internacional de novos Clístenes, que tenha os melhores informáticos e os cidadãos mais sábios, no sentido de estarem para lá do seu ego e de terem a nossa confiança, o assunto é, para além desse lado prático, o de, num mundo em que nos tentam estupidificar quotidianamente, ganharmos consciência e libertarmo-nos da sociedade de consumo e da aparência de insolúvel que o problema tem.
Não se trata de empobrecer, de deixar de ter automóvel, televisor, etc, mas de enriquecer globalmente, como os imensos aumentos de produtividade que a informática vai trazendo nos mostram possível, trata-se de ganhar sabedoria e bom-senso. E de recuperar, para os cidadãos, o poder político, de substituir a oligarquia por uma Democracia.
O seu artigo não sugere esperança, não se vê uma luz ao fundo de um túnel...
ResponderEliminarAo sentir-se num túnel o leitor tem consciência de que precisamos de chegar ao outro lado, de que não estamos ao Sol!
EliminarPonho toda a esperança na consciência individual, pois as massas são de sua natureza inconscientes, nada de mais distante daquilo de que precisamos. Se não há luz temos que a ser, porque é preciso.
Infelizmente, não vejo muita esperança em trocar a Oligarquia por uma Méritocracia, dos "cidadãos mais sábios"! Quem são? Quem decide esse ponto?
ResponderEliminarRecordo-lhe que o Sr Bolsonaro afirma que todos os "cidadãos de bem" devem andar armados! Ora, imagino que a noção de "cidadãos de bem" do referido senhor, não coincida com a minha, ou de muita outra gente, tão boa, ou melhor do que ele!
Logo aí temos o 1º problema...
Obrigado por comentar este "post". O blog defende a Democracia, não a meritocracia. Nesta fase trata-se de ganharmos uma consciência clara de que não vivemos em democracia e de que o sistema em que vivemos se chama, desde Platão, pelo menos, "oligarquia". Este velho sábio não era democrata e propôs, na República, um governo de filósofos, ou seja, de sábios, e tal não pode ser tomado por democracia. E quanto ao "mérito" dos filósofos, seria uma longa conversa, basta dizer, de novo, que este blog não defende uma meritocracia.
ResponderEliminarAcontece que, depois de termos consciência de que vivemos em oligarquia, a segunda tarefa é livrarmo-nos da arreigada convicção de que não é possível dela sair. O sistema em que vivemos data da revolução burguesa do século XVIII, nele nascemos e fomos criados, e é muito difícil imaginar a sua substituição autêntica, estrutural -- já que as ditaduras, mais fáceis de imaginar, o não conseguem fazer.
Donde a necessidade de criar um sistema democrata imune à apropriação por uma nova (ou velha) oligarquia. Como foi dito, o génio do sistema que foi a democracia ateniense, tinha resolvido isso entregando os cargos, que eram irrelevantes pois se limitavam a cumprir as leis feitas por todos, a cidadãos sorteados. As leis por todos votadas teriam que ser tão claras que qualquer cidadão as soubesse cumprir (eis uma substancial diferença com o que se passa connosco). Étienne Chouard, académico francês que se dedica a estes assuntos, propõe uma assembleia constituinte composta por uma centena de pessoas sorteadas dentre aquelas que, localmente, os cidadãos tivessem escolhido como confiáveis para tal -- e creio que estas teriam que não ter cargos políticos. Em cada aldeia as pessoas escolheriam usando o critério da "sabedoria", provavelmente, qualidade que nada tem a ver com mérito nem com graus académicos. E, uma vez elaborado um texto constitucional, os sorteados para o ter criado deixariam de ter qualquer papel, não haveria risco de meritocracia. Estamos apenas a imaginar como elaborar um sistema que pudesse ser apresentado a referendo a todo o país. Como se sabe o referendo faz lei, existe alguma democracia directa no nosso sistema. E, não esqueçamos, a transição terá que ser não violenta. Se o não for teremos a tal meritocracia, a dos que têm o mérito de ser os mais fortes ou ousados ou atrevidos.