Coronavírus

   Poderá parecer cínico mas há algo de mais grave que o número de mortos por este novo vírus respiratório sazonal e pelas suas mais eficazes mutações: estamos menos livres, regredimos para épocas em que o medo reinava nas nossas sociedades.

O número de mortos será 4 ou 5 vezes mais que o causado por vírus anteriores mas o medo e as medidas securitárias não têm precedentes; nunca foi prática epidemiológica confinar toda a população, as pessoas jovens e saudáveis convencidas de que têm que fugir à peste, a vida social interrompida, um esboço de pânico, em certos locais.

E um caminhar para uma sociedade policiada, amedrontada, um caminhar sub-reptício, que faz lembrar os anos 30 do século passado. São raras as pessoas que se atrevem a dizer que a Constituição não está a ser respeitada. Mais raras as que se atrevem a lembrar uma frase, que parece esquecida, uma frase dos democratas, no tempo dos fascismos: "os fins não justificam os meios".

Sendo conhecido o mecanismo, a química, de como o medo, através da neuro-hipófise, prejudica a imunidade, são surpreendentes as colaborações que a comunicação social consegue para o seu trabalho inconsciente de amedrontar a população, na busca habitual de um aumento de audiências. As vozes dissonantes da maioria são tratadas como criminosas, a liberdade de expressão está "por um fio"!

E este, sim, o assunto dos Direitos Humanos, é muito mais grave que o de terem morrido dez mil portugueses em 2020, quando os vírus respiratórios só costumam matar três mil. O arrepio que esta frase provoca é um sintoma de um recuo na liberdade de expressão, palpável, um recuo civilizacional.

O progresso pode ser um mito mas "o mito é o nada que é tudo". O mito de que, em cada pessoa e na sociedade, a integração se vai sobrepondo à exclusão, de que "somos todos diferentes e todos iguais", de que a dignidade é para todos, assim como a Liberdade... o mito de que a técnica pode acabar com a fome, com a miséria... o mito de que a natureza humana, ela mesma, evolui, ou o mito de que temos livre-arbítrio e que podemos escolher ver o encanto da vida e de quem nela anda, em vez de escolher o medo e a necessidade de guerrear quem o não tenha.

Podemos dar passos atrás mas recuperá-los-emos!

Vacinas sim, vacinas não (em castelhano)

 


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